terça-feira, 16 de agosto de 2011

Entendamo-nos bem. Não ponho eu mira na posse do que o mundo alcunha gozos.
O que preciso e quero é atordoar-me.
Quero a embriaguez de incomportáveis dores,
a volúpia do ódio, o arroubamento das sumas aflições. Estou curado das sedes do saber; de ora em diante
às dores todas escancaro est'alma.
As sensações da espécie humana em peso.
quero-as eu dentro de mim; seus bens, seus males
mais atrozes, mais íntimos, se entranhem
aqui onde à vontade a mente minha os abrace, os tateie; assim me torno
eu próprio a humanidade; e se ela ao cabo
perdida for, me perderei com ela.

O Fausto - Goethe

Um livro fantástico assim como "Tudo que é sólido desmancha no ar" de Marshall Berman, ambos
têm ocupado minha mente cansada da mesmice humana e dessa carência de não sei o que, dessa inoperancia induzida.
Me fazendo sentir e apenas sentir.
Hoje a poesia é minha própria vida, essa tragédia romântica, moderna e que em nada cabe.

terça-feira, 1 de março de 2011

Negando seu Niilismo

Quando mais tarde tiveres decidido viver por achar interessante o inútil
Quando achares o caos simplesmente parte de tudo
Ou quando a avidez de meu sorriso fizer-lhe replicar com outro riso,
Mesmo que decidido por não acreditar em nada,

Não negues o que faz bater o coração
Não negues o que aparenta ser

Aceita!
Como principio e fim: o prazer
Como potecializador de endorfinas
Como realidade magnífica
essa de causa e efeito

Depois que cada caso e conflito o atiçarem
Quando novamente me notares

Depois comigo
Quando quiseres gozar
ou chorar
Viajaremos
Numa outra estação




quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011



De que vale uma paixão

com um tempo limite sem perdão?


Valerá o labor de poemas?

As notas de teu violão?

Valerá o agrado?

O prazer desmesurado ?

O índio resistente feito borrão?


Que noites inquietas estas minhas,

quando não rendidas pelo afago, pela pintura e o riso teu

(já entrando em colapso)


O que aconteceu meu bem?

Estás tão calado...

foi a verdade que doeu

ou nosso tempo que encolheu?


Posto que não reste do beijo a boca, nem a ruga,

Só o lenço

E a pois, nada!

Por que insisto em escrever-te e viver amargurada?


Se no mais simples e curto dos abismos pus-me a cair

Quero sentir!

Amparada por um fruto macio de cacto alucinógeno.


Rompeste em mim alguns recatos e noções de dor.


Anda então!

A pé

Com pressa!

Pois é assaz o meu querer

Mirar-te no espelho e ver o mais sincero olhar,

Tão calmo e cheio

De nada


Aspira vontades de errar o destino

A buscar um caminho

De conhecê-lo

Só um pouquinho mais...